A valorização do salário mínimo na última década foi responsável por 70%
da redução no coeficiente de Gini, que passou de 0,594, em 2001, para
0,527, em 2011. O índice mede a desigualdade de renda no mercado de
trabalho e, quanto mais próximo de 0, menor a diferença entre os maiores
e os menores salários.
De acordo com o professor Naercio Menezes
Filho, do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, a redução da
desigualdade promovida pela valorização do salário mínimo é ainda mais
evidente entre as mulheres. “Da redução do [coeficiente de] Gini no
mercado de trabalho, o salário mínimo é responsável por cerca de 70%. O
efeito é mais importante para as mulheres do que para os homens, já que
há muitas mulheres ganhando salário mínimo, principalmente empregadas
domésticas”, disse.
O professor participou ontem (7) do seminário
Política de Salário Mínimo para 2015–2018: Avaliações de Impacto
Econômico e Social, organizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) e pela Escola de Economia de São
Paulo (Eesp-FGV).
Na mesa que discutiu a distribuição de renda
promovida pelo salário mínimo, o professor André Portela, da Eesp,
avaliou que, nos últimos anos, a valorização tem beneficiado a população
com renda intermediária e não os mais carentes. Portanto, de acordo com
ele, a política econômica deveria investir em outros mecanismos de
redução da desigualdade, como a ampliação de programas como o abono
salarial e o Bolsa Família.
Para o professor Marcio Pochmann, da
Universidade de Campinas (Unicamp), a valorização do mínimo precisa
retomar o objetivo de quando o benefício foi criado, de ser um parâmetro
para as necessidades de sobrevivência do trabalhador.
“O salário mínimo foi estabelecido na década de 1940 como a média do salário urbano e era acima do PIB [Produto Interno Bruto] per capita.
Representava um componente de garantir o mínimo para a força de
trabalho. Com a política de arrocho da década de 1960, o mínimo não
acompanhou a inflação. Somente a partir do Plano Real, o mínimo se
deslocou de elemento de combate à inflação para instrumento de combate à
pobreza”, relembrou.
O seminário do Ibre/FGV termina hoje (8),
quando serão debatidos os temas finanças públicas, inflação e
macroeconomia do salário mínimo. O objetivo do evento é debater a
política econômica, com a proximidade do fim da vigência, a partir de
2015, da atual regra para a correção do salário mínimo, que considera a
variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores e a
inflação do ano corrente.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-05/salario-minimo-...
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