Há certo tempo atrás uma brasileira
estudante de jornalismo apareceu no site do Guardian com um artigo de
opinião onde afirmava que o atual governo brasileiro havia instaurado
uma "luta de classes" no país, opinião que parece ter sido assimilada
entre os mais abastados.
Na mesma linha, hoje no "O Globo",
Arnaldo Jabor põe na conta do atual Governo e do PT todas as
monstruosidades que acontecem no país. Dos presos decapitados no
Maranhão ao garoto assassinado pela madrasta no Rio Grande do Sul.
A lógica por trás de ambos os argumentos é de uma hipocrisia torpe, além de historicamente cega.
Quem afirma que o atual governo
promove uma "luta de classes" só pode ter adormecido pelos últimos
séculos. Ninguém nesse país promoveu mais uma batalha contra os
trabalhadores, negros e pobres quanto as elites do país. Desde a
política racista de incentivo a imigração européia no início do século
XX, com o intuito de "embranquecer o país" após a abolição da
escravatura, colocando milhares de negros a margem, até a manutenção por
décadas de uma política de salário mínimo defasada que mantinha
legitimada a pobreza do trabalhador, passando, claro, pela instituição
de uma polícia que até hoje, mata, tortura e espanca o pobre
indiscriminadamente, com
a função de mante-lo no seu lugar.
Quando Jabor afirma que as práticas
medievais que menciona são frutos da "contemporaneidade pessimista" do
país, ele esquece de mencionar que esse "pessimismo" é fruto única e
exclusivamente dessa mesma elite mencionada anteriormente, e cujas
idéias e aspirações são reflexo das manchetes e colunas de opinião do
jornal aonde escreve e dos outros meios de comunicação, controlados por
ela.
A realidade, no entanto, distante da redação do O Globo, ou dos bairros de classe média alta é que a vida melhorou.
Não há promoção de "luta de classes".
Há promoção da cidadania. Pois quando o sujeito tem o que comer e o que
vestir, ele não vai mais se dispor a lavar a cueca de playboy a troco de
migalhas. E quando o filho desse mesmo sujeito estudar e for a
faculdade, ele vai questionar o porque de ele não ocupar a mesma vaga de
emprego ou frequentar os mesmos lugares que, antes, eram reservados a
outros.
Não há promoção de "luta de classes".
Há perda de privilégios. E quando a renda dos mais pobres tem um
crescimento acima da média dos mais ricos, nada mais natural que ver o
rico espernear.
Esperneiam pregando o caos e a
balburdia, acusando os agentes responsáveis pelas mudanças de serem os
culpados pelos horrores, reflexo de séculos de sua própria dominação
social e econômica.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-culpado-por-daniel-florencio
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