Comentário ao post "O PT e o movimento dos sem partidos"
O problema está na fragmentação, própria de um paradigma que
dividiu o todo em partes para tentar entendê – lo.
Se antes o entendimento e o controle do poder efetivo da
sociedade se dava na luta capital X trabalho, esse novo paradigma dilui um dos
centros, criando inúmeros focos dispersos, o que dificulta a própria
representatividade política da sociedade.
Por isso a sensação da sociedade ora representada pelo lado
trabalho, que brada a cada momento “não nos sentimos representados”.
De fato, se antes a relação capital X trabalho simplificava
o empunhamento de bandeiras mais claras, este modelo cultural atual fragmenta
em diversas partículas individualizadas dificultando principalmente o lado que
pensou que estaria mais beneficiado com o liberalismo pragmático.
Se antes a luta se dava por segmentos organizados por
grupos, como o estudantil que se reunia para revindicar avanços no seu todo,
hoje tal segmento se move de forma disforme levantando bandeiras bastante
individualizadas e setorizadas. Recentemente, nas manifestações dos motoristas
e cobradores de ônibus, onde o sindicato eleito queria uma coisa e parte dos
seus representados queria outra.
Dessa forma, a fragmentação causa o enfraquecimento da
política, dos partidos, das soluções coletivas e do próprio Estado, fruto dessa
sociedade muito mais complexa e dividida, diluindo as relações de poder por
inúmeros e distintos espaços da sociedade.
Esse enfraquecimento favorece que o setor mais organizado, o
do capital, leve uma grande vantagem nas determinações de ações dos governos,
exatamente o que objetivava a globalização neoliberal.
Por estes motivos é que se pode observar que governos de
esquerda estão sofrendo enormes dificuldades para se desgrudar das pressões em
favor do mercado, colocando tais governos na defensiva exatamente porque não
tem mais o apoio fechado da classe trabalhadora, tornando bastante
desequilibrado o jogo do poder, e por isso
mesmo é que se pode observar que
parlamentares eleitos por grupos mais ligados ao trabalho terminem por
representar o lado do capital não obstante as suas necessidades de captação de
financiamento caro para as suas campanhas políticas.
Essa é a maior resistência da direita que mais uma vez
consegue se apoderar, ou influenciar de forma quase hegemônica os ditames do
país, com a força do sistema financeiro e do monopólio da mídia formando de
forma organizada e unificada as suas bases atuais de sustentação.
Por isso o trânsito, usando a alegoria de Luis Nassif,
parou. Não foi por causa da furreca que abalroou o carro do motorista de taxi e
sim porque a furreca e o motorista de taxi não conseguiram tirar o "rabo
de peixe" do lugar. E enquanto o dono da furrreca e o motorista de taxi
discutirem o "rabo de peixe" continuará na frente atrapalhando o
trânsito.
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