Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que
busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a
ouvir os ensinamentos que o meu sangue murmura em mim. Não é agradável a
minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas;
sabe a insensatez e a confusão, a loucura e o sonho, como a vida de
todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.
(pág. 16)
Pela
primeira vez saboreei a morte. Tinha um gosto amargo. Pois a morte é
nascimento, é angústia e medo ante uma renovação aterradora.
(pág. 32)
Hoje sei muito bem que nada na vida repugna tanto ao homem do que seguir pelo caminho que o conduz a si mesmo.
(pág. 62)
Sempre é bom termos consciência de que dentro de nós há alguém que tudo sabe...
(pág. 106)
Quando
alguém encontra algo de que verdadeiramente necessita, não é o acaso
que tal proporciona, mas a própria pessoa; seu próprio desejo e sua
própria necessidade a conduzem a isso.
(pág. 118)
Quando odiamos um homem, odiamos em sua imagem algo que trazemos em nós mesmos.
(pág. 133)
O
que verdadeiramente me fazia bem era o progresso do conhecimento de mim
mesmo, minha confiança crescente em meus próprios sonhos, ideias e
intuições; a revelação, a cada dia mais clara, do poder que em mim mesmo
levava.
(pág. 142)
Tudo seguia padrões rígidos,
todos faziam as mesmas coisas, e a calorosa alegria das faces juvenis
tinha a mesma expressão lamentavelmente vazia e impessoal.
(pág. 154)
Em
toda parte era o mesmo! Todos os homens buscavam a "liberdade" e a
"felicidade" num ponto qualquer do passado, só de medo de ver erguer-se
diante deles a visão da responsabilidade própria e da própria
trajetória.
(pág. 159)
Nunca se chega ao porto. Mas quando duas rotas amigas coincidem, o mundo inteiro parece então o anelado porto.
(pág. 162)
Tudo
o que me era importante, tudo o que para mim era destino, podia
adquirir sua figura. Podia transformar-se em cada um de meus
pensamentos, e cada um de meus pensamentos transformar-se nela.
(pág. 172)
Ela
era o mar e eu o rio que nele desembocava. Era uma estrela e eu outra
que marchava em sua direção. Encontrávamo-nos e nos sentíamos mutuamente
atraídos, permanecíamos juntos e girávamos felizes por toda a
eternidade em círculos muito próximos e vibrantes, um ao redor do outro.
(pág. 173)
Antes
me havia perguntado muitas vezes por que eram tão poucos os homens que
conseguiam viver por um ideal. Agora percebia que todos os homens eram
capazes de morrer por um ideal. Mas não por um ideal seu, livremente
escolhido, mas por um ideal comum e transmitido.
(pág. 184)
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