Por Eliano Jorge
A Terra demora uma eternidade para se modificar, mesmo quando as transformações do clima parecem avançar rapidamente, se comparadas a seus bilhões de anos. Porém, a humanidade parece não conseguir acompanhar esse ritmo. O geofísico Paulo Artaxo culpa a visão estreita dos políticos por essa lentidão.
- Eles enxergam, no máximo, quatro ou oito anos na sua frente. Mas, quando pensamos em perda de biodiversidade e mudanças climáticas, temos que pensar na sustentabilidade do planeta, na faixa de tempo de décadas a um século. Os políticos, em geral, não estão acostumados a realmente pensar num prazo mais largo, pensar na sustentabilidade do nosso planeta. Estão muito mais preocupados com o lucro a curto prazo. Esta mentalidade certamente tem que mudar - opina o pesquisador, que compõe o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), o painel da Organização das Nações Unidas (ONU) para mudanças climáticas.
Em entrevista a Terra Magazine, ele calcula que exigirá até três décadas a reestruturação da economia mundial que levará em consideração a produção e o consumo de energia.
- Mas não temos outra alternativa porque, se isso não for implementado, obviamente teremos um planeta 4 ou 5 graus mais quente, em média, do que temos hoje - adverte Artaxo. - Isso terá implicações econômicas, sociais e políticas tremendas, um mundo muito mais instável do ponto de vista climático e de produção de alimentos.
Na sua avaliação, fatores políticos e econômicos dificultam a aprovação de acordos internacionais nas conferências do clima. Por isso, critica a indústria de petróleo por impedir mudanças e financiar relatórios que tentam negar o impacto dos gases de efeito estufa gerados por ela.
Professor da Universidade de São Paulo, ele aposta que, no futuro, prevalecerá uma "filosofia que tenta desenvolvimento com sustentabilidade ambiental, social e econômica a médio e longo prazo".
- Será inevitável o interesse geral na sustentabilidade, no clima do nosso planeta, que é essencial para qualquer atividade econômica ou social.
O pesquisador conta que serão necessários modelos de desenvolvimento sustentável específicos para cada região da Terra. Por exemplo, a mesma receita não serve para a Amazônia, o Nordeste brasileiro ou o Pantanal.
- Isto é possível, já existe tecnologia, tanto no Brasil quanto nos demais países, para implantação desses modelos, só que, obviamente, isso precisa de um suporte político e econômico forte - alega.
Confira a entrevista no link:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5679425-EI6586,00-Pesquisador+Politicos+nao+pensam+no+planeta+mas+em+lucro+a+curto+prazo.html
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