BAUMAN, Zygmunt.
Todo esse processo de transformação redundou na precarização e na desintegração dos “laços humanos”, onde a vida seguida de seus padrões lógicos permeou a solidão e demudou as relações sociais em relações autônomas. Na construção da cidade idealizada, esqueceram que ela depende da oportunidade dada aos homens, pois são eles, e somente eles, que devem se privilegiar desta harmonia “os homens não se tornam bons simplesmente seguindo as boas ordens ou o bom plano de outros” (BAUMAN, 1999 p 54).
A cidade que outrora fora criada para preservar o coletivo dos males vindos de fora, agora serve para preservar os cidadãos do “inimigo interior”. Os muros não estão mais para proteger as cidades e, sim, para blindar o indivíduo que agora se protege dentro de sua casa e de seus muros.
Partindo desta reorganização social, o Estado ganha um novo sentido na visão de Bauman. No seu terceiro capitulo o autor trabalha com a mudança e a nova perspectiva do Estado, onde este abre uma divisão com a economia.
Com a velocidade dos novos acontecimentos, a economia ganha um impulso determinante, que acaba por romper com as últimas barreiras de proteção do Estado, ficando este condicionado ao fator econômico.
As empresas perante a falta de localidade, acabam impondo pressões aos Estados. Uma empresa pode demitir pessoas nas mais diversas localidades sem ter prejuízos econômicos, deixando para o Estado as futuras conseqüências que este fato irá gerar.
Devido a isso, Bauman diz que o Estado vem sofrendo um definhamento, ou seja, existe uma forte tendência à eliminação do Estado-Nação. Esta circunstância leva ao que o autor chama de nova desordem mundial.
Hoje não se sabe quem está no controle, ou pior, não existe ninguém no comando da situação, sendo assim, não existe um consenso global dos rumos que a humanidade deve seguir e por onde se locomover.
Estes processos estão cada vez mais abertos e a globalização está constituída por seu ”caráter indeterminado, indisciplinado e de autopropulsão dos assuntos mundiais”, portanto, a nova desordem mundial é uma seqüência de ações, que parte da falta de definição dos rumos a serem tomados e quem está no controle, assim como, a falta um centro que una os interesses da civilização. Portanto, globalização nada mais é do que o processo de desordem da economia e das relações sociais.
A globalização diz respeito a todos e leva a percursos inesperados, não há como planejar os caminhos a serem almejados, simplesmente eles acontecem da maneira que Wright chamou de “forças anônimas” operando em uma terra sem donos.
Assim, Bauman identifica a morte da soberania do Estado, que tem de abrir mão do seu controle para privilegiar a nova ordem mundial. Não se espera do Estado o mesmo papel de outrora, este novo Estado que surge é uma máquina dependente dos processos produtivos.
Não se supõe em tempos atuais, um Estado que vise uma política fechada que não deslumbre o mercado global. O poder econômico foi extremamente abalado e não existem maneiras de se governar a partir de ideologias políticas e interesses soberanos da nação.
A globalização impõe seus preceitos de forma totalitária e indissolúvel, impondo pressões que o Estado não é capaz de dirimir, ou seja, para Bauman alguns minutos bastam para que as empresas e a Nação entrem em colapso.
O Estado está despido de seu poder e de sua autoridade, somente lhe restou ferramentas básicas para manutenção do interesse das grandes organizações empresariais. Cabe, desta maneira, enfatizar que toda essa desorganização tem como ponto culminante, as regras de livre mercado, políticas especulatórias, capital global e um Estado diminuto e fraco, que tem como única função a manutenção e criação de processos que mantenham a estabilidade financeira e econômica.
Hoje as mega-empresas desfrutam de toda a liberdade para realizarem manobras econômicas que tornam o Estado um mero espectador, dominado e sem poder de reação. Tendo na incerteza do mercado uma arma de armotização dos possíveis atos de revolta, tanto da sociedade, como de seus governantes.
A promessa do livre comércio e o desenvolvimento econômico como profícuo a diminuição das desigualdades sociais, tem se mostrado uma falácia, o que se apresenta é um aumento cada vez mais elevado da riqueza dos mais ricos e uma diminuição drástica das condições de vida dos mais pobres.
Condições estas que estão imobilizadas exatamente pela “imobilidade dos miseráveis” em suprimir as pressões da globalização e a “liberdade dos opressores”, em seus discursos que dão legitimidade ao modelo proposto de sociedade moderna e mundo globalizado, ou seja, um mundo econômico, tecnológico, científico, extremamente desigual e excludente.
Este novo mundo proposto é o da fome, pobreza e miséria absoluta, onde 800 milhões de pessoas estão em condições de subnutridas e 4 bilhões de pessoas vivendo na miséria (BAUMAN, 1999, p. 81).
Para Bauman (1999) a pobreza leva ao processo de degradação social que nega as condições mínimas de vida humana. A soma do resultado “fome=pobreza”, derivam outros fatores que “enfraquecem os laços sociais” e passam a destruir também, os laços afetivos e familiares.
Por Leonardo Betemps Kontz,
Artigo Completo:
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/resenha-globalizacao-as-consequencias-humanas/20426/
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