sábado, 21 de janeiro de 2012

As mudanças de modelo em uma sociedade

Os avanços revolucionários exigem uma expansão de perspectiva, de consciência.

A revolução copérnica, que teve inicio no séc. XVI, baseada em uma reconsideração fundamental da estrutura do universo, provocou o surgimento da ciência racional, e subsequentemente, da revolução industrial, que transformou completamente a face da Terra.

É pouco provável que Copérnico tinha a intenção ou fosse capaz de prever os efeitos do seu trabalho. Na realidade ele já estava morto havia 70 anos quando a sua teoria recebeu o seu maior impulso, da parte de Galileu. Ao espiar através do seu novo telescópio, Galileu observou luas girando em torno de Júpiter, o que confirmava uma implicação fundamental da teoria de Copérnico, ou seja, que nem todas as coisa giram em torno da Terra.

Havia ainda outra implicação, muito mais difícil de ser engolida pelas pessoas racionais daquela época. De acordo com a teoria, as 24 horas do dia teriam que ser causadas pela rotação da Terra em torno do seu eixo. Entretanto, os sensatos cientistas da época argumentaram que, se isso fosse verdade, todos sairíamos voando pelo espaço.


Foi preciso que Sir Isaac Newton, cinquenta anos após a morte de Galileu, apresentasse o conceito de gravidade para que o problema pudesse ser resolvido.

Nem sempre obtemos a solução dos problemas processando racionalmente os dados. O químico alemão Friedrich Kekulé descobriu a forma de anel simétrica da molécula de benzeno em um devaneio, solucionando desta maneira o desconcertante problema de como explicar todos os seus componentes moleculares. Ele contou aos seus colegas em uma palestra que visualizara uma cobra mordendo a cauda (imagem esotérica da serpente “Ouroborus”) e compreendeu que esta era a solução para a problemática estrutura da molécula de benzeno: os átomos estavam ligados em um círculo.

Esses são exemplos das dificuldades que os avanços revolucionários radicais precisam enfrentar.

O acúmulo cada vez maior de dados e informações é inexpressivo se a consciência do pesquisador não elaborar o problema corretamente. A estrutura de idéias revolucionárias e a maneira como elas são recebidas e incorporadas pelos guardiões do consenso foi examinada de forma magistral por Thomas Kuhn. Em primeiro lugar, ele observa que, com muita freqüência, os avanços revolucionários são feito por pessoas de fora, que não pertencem ao mundo acadêmico. A razão disso é o fato de que as perspectivas do consenso tendem a reforçar a si mesmas. A perspectiva do consenso avança por si própria para um canto formado pelas suas limitações autodefinidas, de modo que é preciso de alguém de fora, uma pessoa não restrita por preconceitos arraigados, empurre a coisa para a frente.

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