sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Adulto ou adulterado? Aprenda também com as crianças.

Por SÍLVIA ARAÚJO
Autora do Coluna "Neurolinguista & Coaching, Gestão Sistêmica de Desempenho e Responsabilidade Social" no ZWELA ANGOLA 

                           
Ser criança é ver o mundo em toda sua exuberância, é navegar no mar da vida com toda sua intensidade e profundidade, é sentir a emoção da alegria com freqüência, pois tudo é sempre novo e maravilhoso, cada detalhe é um mundo de possibilidades a ser desvendado. Elas possuem uma energia inesgotável e desconhecem bloqueios. De alguma forma elas sabem que possui muitos talentos e usa-os como recursos mágicos para realizar verdadeiros milagres.


Lembra dos seus primeiros anos de infância? Se alguém lhe pedisse um desenho qualquer, isso simplesmente não era um problema. De posse da sua caixa de lápis de cor e papel, em instantes lá estava você apresentando com amor e alegria sua obra de arte. Se preferissem um texto, era só pegar a caneta ou lápis e como um passe de mágica, lá estava seu poema. Servir outras pessoas independentes de quem são, com beijo, abraço, carinho, é uma das especialidades das crianças.

Já viu crianças fazendo as pazes? Elas perdoam com mais facilidade do que brigam. O passado simplesmente não importa porque para a criança, a mãe é a melhor mãe do mundo, o pai é o melhor pai do mundo, os avôs, tios, amigos, professores, todos são os melhores do mundo. As crianças não comparam as pessoas com outras todas são únicas para elas.

Já prestou atenção na forma como as crianças fazem perguntas? Elas costumam perguntar “porque” quando algo é negado a elas, ou porque o adulto ainda não foi capaz de lhe ofertar uma resposta compreensível para sua curiosidade, pois as crianças abraçam a vida com as melhores das intenções e tudo que elas querem é apenas aprender com você.

É comum crianças fazerem perguntas do tipo: Como eu faço? Pois elas se interessam pelo processo e querem assumir a responsabilidade de realizar, aliás, os verbos preferidos das crianças são: Brincar e Fazer. Outra pergunta que é comum surgir diante de um obstáculo normalmente aumentado por adultos. Quando eu posso? Crianças querem saber quando é possível e não do que é impossível ou das limitações. Elas estão mais interessadas em solução. Crianças estão interessadas em definições e conceitos porque o restante elas sabem como desenvolver, afinal reconhecem seus talentos, por isso elas perguntam constantemente o que é isso?

Já viu crianças conhecendo gente nova, mesmo que sejam estrangeiras? Elas se tornam amigos mesmo antes de saber seus nomes. Conhecer gente nova mesmo de diferentes nacionalidades não é problemas para elas, quanto menores forem mais rápido começam a brincar juntas. Elas conhecem a linguagem universal.

Dançar, cantar, desenhar, escrever, representar, realizar, todos os talentos presentes e prontos a se manifestarem. Quando somos criança sabemos que podemos tudo. Basta saber que se alguém pode, nós também podemos e se não souber de ninguém que pode, melhor ainda a gente inventa e é mais uma diversão e oportunidade de brincar com a nossa imaginação.


Quando crescemos, para muitos adultos o mundo torna-se complicado demais...

Deixamos de esconder com pistas para nos divertir com a emoção de sermos achados e passamos a nos esconder sem dar pistas só para nos privar da magia da vulnerabilidade de sermos encontrados. Divertidas brincadeiras, transformam-se em sofridos empregos, e como o a palavra mesmo diz, passamos a nos sentir pregados, abrindo mão da nossa alegria e liberdade de nos divertir com nossas realizações diárias.

Grandes jardins de amizades que regamos carinhosamente com calorosos abraços, confissões de melhores amigos, declarações de amor em forma de bilhetes, cartões e desenhos feitos por nós mesmos, recheados de emoções e magia são substituídas por relacionamentos superficiais e damos nome complicado: chamamos de “network” ou rede de relacionamentos.

Já observou alguns adultos conhecendo outro adulto? Experiências que entusiasmava e despertava curiosidades ao brincar com amiguinhos, transforma-se num método lógico com duração de 5 minutos ou menos. Ao trocar os nomes, cada um está mais interessado em falar seu nome que ouvir o do outro, este é um dos principais motivos que muitos dizem ter dificuldade em guardar nomes. Depois desta pergunta muitos ficam quase em cólicas para fazer o quanto antes a próxima pergunta:

-O que você faz da vida? Aqui existem muitas chances da pessoa ser descartada como um guardanapo de papel após ter terminado a refeição. Porque enquanto ouve a resposta avalia se esta é uma pessoa interessante ou não, se é alguém interessante para romance ou relacionamento profissional.Enquanto as crianças se interessam mais por “Quando, Como, Porque” no sentido de vislumbrar oportunidades, aprender o caminho e buscar suas motivações, muitos adultos focam mais no “onde” no sentido de buscar títulos e colocar rótulos como fazem como produtos e concluir “Quem” você é. Como se o ser humano fosse uma dualidade de serve ou não serve, bom ou ruim.

Passando pela resposta como um aluno em teste sendo avaliado pelo professor mais carrasco, a vontade de perguntar quando de dinheiro grita como um adolescente em estado de revolta. Sendo adulto, logo se analisa as respostas anteriores como base de cálculo de indicador de sucesso. E assim perde muitas oportunidades de se relacionar com a plenitude da infância. Perde talentos para gerar riqueza nas empresas. Perde romance para emocionar mais a vida e amigos para compartilhar alegrias e acolher em momentos de turbulência.

Será que desaprendemos ou esquecemos como é brincar? Já não sabemos desenhar, nem fazer dobraduras ou oferecer flor do campo para demonstrar nosso amor voluntariamente? Escrever? Ai, meu erros! . Cantar? Nossa que vergonha. Declamar uma poesia? Nem pensar. Criar versos de amor? Que coisa mais cafona. Dançar: Que vexame! A menos que estude dança numa escola. Representar passa a ser coisa somente para atores profissionais.

Sabe o que é mais intrigante? Muitos adultos perdem sua disposição, energia, vigor e estão sempre mais que cansados, estão exaustos e estressados, inclusive nas férias. Talvez você esteja se perguntando... Existe alguma solução? Minha resposta é sim. Uma delas são as crianças. Recurso abundante no planeta e normalmente a sua disposição e de fácil acesso. Além da criança que faz parte de você. Sim, você pode manter a perspectiva da criança sempre viva dentro de você, aprendendo a diferenciar a palavra “adulto” de “adulterado”.
Somos como um sistema feito de várias partes internas que representam as nossas experiências e significados que atribuímos a elas formando nosso mundo interno. O que os outros vêem é apenas o nosso mapa, pois o território é nosso mundo interno com riquezas inestimáveis. É como as partes do nosso corpo. Se lhe perguntassem o que é mais importante para você? Seu pé ou seu coração? Possivelmente sua resposta seria: Os dois, afinal cada parte do ser humano é preciosa em seu contexto.

Quando estamos diante de uma pessoa estamos diante de universo, e lá dentro vive também a sua criança ávida por aprender e se divertir plenamente vivendo cada dia como o melhor dia. Você tem todos os recursos internos, ou pode criá-los como a alegria, a paz, a espontaneidade e a humildade, coragem, criatividade e tantos outros próprios de criança, adolescente, adulto ou idoso, pouco importa que fase da sua vida esteja. Você continua sendo quem você é: Um ser único e cheio de possibilidades em todas as etapas, deste o nascimento, e aquilo de chamamos de vida até chegar o ciclo da morte, há uma parte chamada criança que merece sua atenção, cuidado e carinho.


“A neve e a tempestade matam as flores, mas nada podem contra as sementes”. (Khalil Gibran)


Abraço carinhoso e afável a criança linda que vive dentro de você.

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