quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dois contos. Uma mensagem.

Por Bráulio Alves de Souza.

“Um menino costumava acompanhar seu pai, que todos os meses doava um dia de seu tempo para atender pessoas carentes. O pai era médico, mas como já havia quem atendesse às pessoas nesse setor, ele se dedicava a cortar cabelos, profissão que também exercera.
O menino percebia que embora seu pai executasse seu serviço de graça e com amor, as pessoas reclamavam muito. Exigiam tal ou tal corte e às vezes quando iam embora, xingavam o pai porque não haviam gostado do corte.
Mas o pai tinha uma paciência infinita, tentava atender ao que lhe pediam e jamais revidava as ofensas, chegando até mesmo a pedir desculpas, quando alguém não gostava do trabalho que ele realizara.
Então, um dia, o menino perguntou ao pai por que ele agia assim, e por que as pessoas reclamavam de algo que recebiam de graça.
Para essas pessoas, disse o pai, receber é muito difícil. Elas se sentem humilhadas porque recebem sem dar nada em troca. Por isso elas reclamam. É uma maneira de manterem a autoestima, de deixar claro que ainda conservam a própria dignidade”.
É preciso saber dar, disse o pai. Dar de maneira que a pessoa que recebe não se sinta ferida em sua dignidade.”


“Uma moça estava muito zangada com Deus. A mãe dela morrera, depois de vários anos de vida vegetativa, sendo cuidada pelos outros como um bebê indefeso.
Minha mãe sempre ajudou os outros. Nunca quis receber nada, não merecia isso, dizia ela.
Então, ela recebeu uma mensagem dos Mestres:      

A doença de sua mãe foi uma bênção, ela passou a vida ajudando os outros, mas não sabia receber.       
Durante o tempo da doença, ela aprendeu. Isso era necessário para a sua evolução.”


Quando ajudamos alguém em dificuldade, quando damos alguma coisa a alguém, seja material ou imaterial, estamos teoricamente em posição de superioridade. Somos nós os doadores, isso nos faz bem e às vezes tendemos a não dar importância à maneira como essa ajuda é dada.
Quantas vezes fomos apenas aquele que dá, aparentemente com generosidade, mas guardando lá no fundo nosso sentimento de superioridade sobre o outro… Ou esperando sua eterna gratidão.


Por outro lado, quando somos nós a receber, ou nos sentimos diminuídos, ou recebemos uma ajuda como se nos fosse devido.
Às vezes nos recusamos orgulhosamente a receber uma ajuda, porque “não precisamos de nada, nem de ninguém”… Ou porque temos vergonha de mostrar nossa fragilidade, como se isso nos fizesse menores aos olhos dos outros.

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