sábado, 25 de junho de 2011

O Que É a Aura Humana

Por Carlos Cardoso Aveline

A vida me levou a perceber pelo menos um fato central: o ser humano é uma aura que possui um corpo físico e não o contrário. 
Cada ser ou objeto tem um campo eletromagnético e espiritual que o rodeia.  No caso humano, esta aura constitui um halo de luz invisível. Fotografias  Kirlian captam apenas os seus aspectos mais externos e são interessantes como curiosidade.
A aura de um ser ou objeto não está apenas em torno dele. Está também no seu interior.  Ela envolve, contém e anima os nossos vários eus.  Assim como os bebês navegam no líquido amniótico da placenta materna, nós vivemos imersos em nossa aura invisível e vital.
Cada vez que uma criança vai nascer, a sua alma imortal  projeta, sobre a tela básica de vitalidade física dada por seus pais, o seu próprio material acumulado de vidas anteriores e suas perspectivas futuras. Desde o momento da concepção, a alma que renascerá se aproxima gradualmente do processo e passa a lançar sobre ele, de modo ativo e predominante, os conteúdos depositados  no seu ovo áurico ou aura imortal.
Durante a vida física, nosso cérebro trabalha selecionando lembranças, fazendo associações e processando conhecimentos que estão registrados na luz astral da nossa aura. O cérebro físico é apenas um instrumento da consciência. Ele é um processador de dados através do qual a alma opera em diferentes mundos geometricamente concêntricos, cujas  densidades são bem diferentes.
Qual é o ponto mais importante da aura? A essência espiritual de um ser, ensina Helena Blavatsky, é a mônada.
A mônada evolui desde a condição de um cristal ou pedra,  no reino mineral, passando  pelos reinos vegetal e animal ao longo de extensões incalculavelmente longas de tempo, até chegar ao reino humano.  E depois do reino humano a mônada alcança o mundo divino, onde ainda continuará progredindo.  Há setecentos anos, Jalaluddin Rumi escreveu uma  passagem  que poderia ser chamada de “autobiografia de uma mônada”:
“Morri como mineral e me transformei em uma planta; morri como animal e vi que era homem. Por que teria algo a temer? Nunca perdi nada por morrer. Mais uma vez irei morrer como homem para elevar-me à altura dos anjos abençoados; mas avançarei um dia até além do nível dos anjos. Tudo o que não é Deus, morre”. [ 2 ]  
A mônada humana é a fonte de vida da aura. É o ponto no centro do círculo de uma vida, ou de uma aura, humana.  A aura é a circunferência, a atmosfera que rodeia a mônada  e registra  tudo o que ela faz através dos seus instrumentos mentais, emocionais e físicos, e todos os seus avanços e progressos. 
O principal elemento estruturador da aura é a vontade humana central, a sua prioridade como ser.  Uma vontade elevada purifica a aura: o desejo inferior a contamina. Para a filosofia esotérica, a Bíblia está certa quando afirma:
“O que se planta, se colhe”.
Cada desejo e cada fato, grande ou pequeno, fica registrado na luz astral da aura do indivíduo ―  e produz os seus efeitos.  Os desejos e ações mais centrais e intensos, em torno dos quais se estrutura a nossa vida cotidiana, são os mais importantes na formação da substância da aura. 
Mas como funciona, na aura,  o registro cármico das ações físicas, emocionais e mentais?  
Quando duas ou mais pessoas estão fisicamente próximas, suas auras ocupam o mesmo espaço físico e há vários tipos de interação e influências recíprocas.  A aura registra a cada momento as trocas energéticas e os pensamentos, sentimentos, ações e intenções do ser humano que ela anima.  A aura não separa o cidadão do mundo, mas, ao contrário, faz a sua ligação com ele.  É através dela que cada ser humano influencia os outros e é influenciado. Ela fornece a sensibilidade e o ponto de vista a partir do qual ele dá significado às coisas que lhe acontecem, reage diante dos fatos externos,  emite energias e deixa sua marca no mundo.
Carlos Castaneda escreveu que, para os guerreiros de sabedoria, os seres humanos são conglomerados de campos energéticos que têm a aparência de bolas luminosas. “Eles notam que cada uma destas bolas luminosas está individualmente conectada com uma massa energética de proporções inconcebíveis que existe no universo: uma massa que eles chamam de  mar escuro de consciência. Eles perceberam que cada bola individual está conectada  ao mar escuro de consciência em um ponto que é mais brilhante que a  bola em si mesma. Os shamãs  lhe dão o nome de ponto de união ou  ponto de  aglutinação (...)”.  Castaneda escreveu também: “A verdadeira luta do homem não é com seus semelhantes, mas com a infinitude; e nem se trata de uma luta, mas, essencialmente, de uma aceitação. Devemos aceitar voluntariamente a infinitude. Nossas vidas surgiram da infinitude, e devem terminar onde começaram: na infinitude.” Você pode e deve conhecer o infinito enquanto tem saúde e lucidez.  Na verdade, esta é a grande oportunidade para obter tal conhecimento; e esse aprendizado ocorre através da comunhão interior.   
Cada nível da nossa atmosfera psíquica pessoal habita um mundo diferente. 
A aura vital, por exemplo, determina o jeito como sua vitalidade é usada e como ela se renova. Esta camada tem dois aspectos. De um lado, o prana, a vitalidade propriamente dita. De outro, o linga-sharira, o conjunto de formas abstratas e arquetípicas que conduzem concretamente a vitalidade na tarefa de construir e manter o corpo físico. A aura vital é tão viva quanto o nosso corpo físico, mas muito mais sensível que ele. O que fazemos, pensamos e sentimos tem influência sobre ela. 
Depois vem a camada emocional, com suas sub-camadas. Ela corresponde ao princípio kama, em sânscrito, e é o conjunto de sentimentos e emoções que povoam o nosso mundo interior. Se você cultivar sentimentos corretos, eles influenciarão as pessoas com quem convive. Quando purificada, a aura emocional se abre para os sentimentos superiores e nos conecta com o mundo divino.  É verdade que “o reino dos céus está dentro de nós”. Mas isso não significa que ele está dentro do nosso corpo físico.  Está em nosso eu superior, nossa alma imortal, que flutua em torno do nosso corpo, e não fica presa exatamente  “dentro” dele.
Nem sempre é fácil purificar o nível emocional.
Um dos principais obstáculos surge de um fenômeno que poderíamos chamar de “pressão atmosférica oculta”.
A aura densa de um local, ou de certas pessoas, tem um poder de pressão sobre aquele que tenta erguer-se. 
O mero processo de auto-aperfeiçoamento de um cidadão pode ofender outra pessoa que considere impossível trilhar o caminho espiritual.  Além disso, os velhos padrões vibratórios, agora suprimidos, tentam voltar à atividade e recuperar seu lugar na aura do aprendiz, enquanto os novos padrões ainda têm pouca força de hábito. Durante uma longa etapa, o praticante tem de avançar no caminho do crescimento emocional enquanto corre o risco de mergulhar na aparente solidão,  por um lado, ou de ser arrastado novamente  para baixo pelas emoções dos outros e pelo clima psicológico desafiador que o rodeia, por outro lado. Cair e levantar é normal neste estágio da luta: “é errando que se aprende”, diz o ditado popular.
  
Quando o guerreiro da sabedoria alcança o reservatório ilimitado de energias em seu mundo interior, sua força passa a ser maior que todas as pressões ocultas externas.
Para diminuir os riscos da caminhada, ele deve ter cautela, buscando rodear-se de  influências benignas e inspiradoras.  É essencial desenvolver o poder da vontade. Ele deve  simplificar a vida.  É preciso cortar as metas supérfluas e morrer, psicologicamente,  para o mundo egoísta.  Quanto aos seus relacionamentos, o guerreiro não pode aceitar em sua aura nenhum rancor profundo ou duradouro.  O seu desapego será testado. Se quiser alcançar a sabedoria, terá de abrir mão gradualmente de mais e mais coisas que ama.
Depois da camada emocional, existe a aura mental.
A sua natureza é dupla. Uma parte dela olha e responde aos interesses do corpo físico e das emoções animais. Outra parte olha para a alma imortal e busca o mundo divino.
No plano coletivo, esta mente superior vive agora um gradual despertar, enquanto a parte inferior da mente humana socialmente estruturada provoca uma crise após a outra.  O mesmo contraste existe na aura individual de cada cidadão.  O círculo vicioso do egoísmo não é mais capaz de resolver os problemas que ele mesmo provoca. As crises que a vida coloca diante de nós devem ser respondidas com novas estratégias, mais altruístas. Os próximos passos só podem ser dados pela mente superior, criativa e solidária. Mas ainda estamos aprendendo a colocá-la em funcionamento na vida concreta.  Este é o grande enigma que deve ser resolvido, na primeira metade do século 21, pelas pessoas da nova era.
A aura mental registra nossas possibilidades intelectuais, nossas opiniões, nossa capacidade de aprender,  e todo o carma dos nossos pensamentos.
Os sábios ensinam que a melhor e a mais eficaz de todas as defesas psíquicas é a pureza e a força do pensamento.
Os sentimentos inferiores e impuros são as toxinas da alma animal presente no ser humano. A aura pode ter uma inflamação ou adoecer.  É nela que se determina, de fato, o nosso estado de saúde física e emocional.  A boa saúde exige, entre outras coisas, grandeza interior e capacidade de renunciar.   Porém, a purificação não consiste em desistir de ter uma vontade forte.  Ao contrário. Para trilhar o caminho espiritual é necessário ter muito mais coragem e firmeza do que os seres que, estando  desinformados, funcionam como egoístas.
É verdade que cinco boas ferramentas para melhorar e preservar a qualidade de vida da nossa aura são:
1) Renunciar ao que é supérfluo;
2) Não se preocupar com o que está fora do nosso alcance; 
3) Abandonar desejos inúteis ou pensamentos ociosos;
4) Definir metas pessoais elevadas; e
5) Concentrar-se construtivamente no que de fato depende de nós.
A mônada vive eternamente em unidade com toda a vida e por isso confia no universo. É a atividade da mônada espiritual que mantém a  aura luminosa. 
Tudo o que fazemos alcança e transforma a nossa aura. Se administrarmos melhor a nossa vida, isso se traduzirá em um melhor campo energético ao nosso redor.   
Para repor a vitalidade da aura magnética que rodeia nosso corpo físico, é um bom hábito, por exemplo, caminhar no final da tarde durante cerca de 40 minutos.  Faz respirar vigorosamente o ar puro no meio das árvores de uma paisagem natural, sentindo no rosto a força do vento. É recomendável, nestes passeios,  meditar por cinco ou dez minutos. O bom uso das forças vitais, mentais e espirituais é uma fonte de felicidade: quando voltamos para casa, tudo ao nosso redor parece mais agradável.
Na aura está o portal de acesso para a luz que ilumina as almas e a força que sustenta o cosmo.  O caminho do auto-conhecimento é, na verdade,  o caminho da percepção direta desse fato.

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