sábado, 25 de junho de 2011

O homem de visão

Por Assis Ribeiro

24 de junho de 2010 completou-se dez anos da morte do geógrafo Milton Santos, um dos maiores pensadores brasileiros. Nasceu na baiana Brotas de Macaúbas (a mesma onde morreu Carlos Lamarca), Doutor em Geografia pela Universidade de Strasburgo, lecionou, entre outras universidades pelo mundo, na Sorbonne, tendo sido diretor de pesquisas de planejamento urbano no prestigiado Iedes.
Milton nos exorta para a reflexão sobre se uma outra globalização não seria possível, diante desta que ameaça esgotar os recursos do planeta em poucas décadas. O centro do mundo é onde está o vencedor porque a geografia é a história do presente. O perigo da falta de contraponto é o “american way of life” exaurir a terra e extinguir as diversidades étnicas e culturais dos povos.
São muitas as lições que Milton Santos nos deixou e com ele aprendíamos não só sobre a geografia mas sobre a vida, como a de que o talento para a vida acadêmica é construído com muito trabalho metódico e cotidiano; que o verdadeiro intelectual não cede aos modismos da época e aos 'cantos de sereia' do sucesso fácil; que devemos lutar por uma universidade não atrelada ao mercado ou à técnica e que sem a curiosidade, o homem não chegará a lugar nenhum. Enumerá-las exige a reflexão de toda uma vida. De suas metáforas, conceitos e categorias ainda há muito por ser processado.
Aprendemos com ele que o mais importante é olhar para frente, é pensar o futuro. Assim, homenageá-lo é seguir seu exemplo de coragem, dedicação e perseverança, de trabalho sério e cotidiano; de militância no campo das ideias; de liberdade de pensamento; de ideais de solidariedade e, especialmente, de otimismo e esperança quanto ao futuro da Geografia, da sociedade e do homem. É acreditar que um outro mundo é possível. Um mundo no qual certamente vingarão os ideais de solidariedade e cidadania.
Milton Santos ainda reza pela utopia do Estado como única fonte de políticas públicas eficientes.
Abaixo o trailer do fantástico documentário produzido por Sílvio Tendler com Santos, poucos meses antes de sua morte. É uma belíssima obra, que nos abre olhos e cabeças sobre a globalização.

Um comentário:

  1. acho isso acontecerá quando os interesses individuais somados, infelismente não pelo desejo de mudança, mas pela necessidade individual, quando o seu "eu" estiver ameaçado pela própria natureza.. aí sim pensará em uma outra globalização, mais limpa, como citadas por milton santos..
    assim como a educação, que pra mim só vai melhorar no brasil quando a lei que obriga aos filhos dos polítcos a estudarem nas escolas publicas for aprovada.
    lucas

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