segunda-feira, 25 de abril de 2011

Milton Santos.

Menos economia, mais civilização
Teríamos que retomar o debate da civilização, que foi substituído pelo debate do crescimento econômico: se vamos aumentar os juros, se vamos facilitar um pouco de inflação. Mas a civilização, ela própria, não é objeto de discussão. E isso abre espaço para uma série de barbáries.

Fome
A gente produz muito mais comida do que pode comer. Tanto que na Europa, a Comunidade Européia dá prêmio a quem deixa de produzir comida. Ou seja, a questão da fome não é uma questão de produção de alimentos, é uma questão de distribuição.


Uma revolução incontinente
Os atores que vão mudar a história são os atores de baixo. Vão agir de baixo para cima. Os pobres em cada país, os países pobres dentro dos diversos continente, os continentes pobres em face dos continentes ricos. De tal forma, não teremos uma revolução sincronizada: haverá explosões aqui e ali em momentos diferentes, mas que serão impossíveis de conter.


Não ao Estado mínimo!
O Estado é indispensável porque as chamadas organizações do terceiro setor não são abarcativas, não podem cuidar do conjunto das pessoas que precisam de cuidados. Já o Estado tem a tendência de cuidar de todos, de todas as pessoas. Essa produção democrática que as ONGs ou o terceiro setor – por suas limitações de origem, financiamento, objetivos – não podem fazer. Então, o Estado torna-se algo cada vez mais indispensável, porque as fontes criadoras de diferenças e desigualdades são muito mais fortes que no passado.


Democracia vazia
A gente esvaziou a palavra democracia de conteúdo. Continua-se falando em uma democracia sem saber muito bem do que se está falando. Nós utilizamos uma série de conceitos que vêm de um outro tempo – e que tornam vazios, porque o tempo mudou! – da maneira que é conveniente. Usa-se o conceito de democracia com referência ao meramente eleitoral. O resto – a representatividade, a responsabilidade, tudo isso – perdeu força.

Um comentário:

  1. sabemos de notícias, vemos as repercursões, lamentamos as tragédias....fazemos de tudo, só não lutamos pelos direitos, pela cidadania, pelo estado. Muito pelo contrário, voltamos a eleger "aqueles políticos corrúptos", dentre outros. Sobre a fome, tem muita geladeira cheia de comida, sabedo que metade vai pro lixo, e mais "geladeiras" ainda, com pouca comida e muita delas veio do lixo, entandam geladeira nesta segunda questão como local de por comida, porque a maioria nem geladeira tem.

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