Contestação e contracultura
Por Assis Ribero
Contracultura são
grupos de ideias e comportamentos que se opõem a cultura dominante,
questionando as instituições e os valores de uma sociedade.
O movimento da
década de 60 começou no final dos anos 50 como contestação à crise no moralismo
rígido da sociedade, e a decepção do “Sonho Americano” que não conseguia mais
empolgar a juventude. Ele se inicia através das artes na literatura beat de
Jack Kerouac, do rock, e no cinema e no teatro de vanguarda, inclusive no
Brasil. O autor Jack Kerouac introduziu a frase “Geração Beat”, ”Beatniks”
para caracterizar a juventude anti-conformista, reunida em Nova Iorque naquele
tempo.
Nessa avalanche de
inconformismo vários países ocidentais deram uma guinada à esquerda como a
vitória de John F. Kennedy nas eleições de 1960 nos EUA, da coalizão de
centro-esquerda na Itália em 1963 e dos trabalhistas no Reino Unido em 1964.
Houve também uma reação extremada, juvenil, às pressões de mais de vinte anos
de Guerra Fria. Uma rejeição aos processos de manipulação da opinião pública
por meio dos meios de comunicação que atuavam como “aparelhos ideológicos”
incutindo os valores do capitalismo, e, simultaneamente, um repúdio “ao
socialismo real”, ao marxismo oficial, ortodoxo, vigente no leste Europeu, e
entre os PCs europeus ocidentais, vistos como ultrapassados.
No Brasil, a posse
de João Goulart também acompanhava essas mudanças no mundo, mas com o golpe
civil/militar de 64 o Brasil dava as costas às idéias rejuvenescedoras e
entrava num retrocesso, uma marcha à ré, atrelado ao obscurantismo de qualquer
ditadura.
Essa reação ao
sistema teve duas fases distintas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um
sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no
âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do
povo. A segunda, de 1966 a 1969, em um tom mais ácido, revela as experiências
com drogas, a perda da inocência, a orgia sexual e os protestos contra o
endurecimento dos governos e que se iniciou com a radicalização dos movimentos
estudantis a partir do maio de 68 na França, que não estava vinculado a nenhuma
ideologia específica, mas apregoava o direito de cada um de pensar e se
expressar livremente.
A década de 60
representou a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos e
ficariam caracterizados pelas grandes transformações de visão libertária que
ocorreram no mundo. Um vendaval de rebeldia, alimentado pelos jovens, percorria
o mundo.
Tornou-se uma
década mítica porque provocou mudanças políticas, éticas, sexuais e
comportamentais, que afetaram as sociedades da época de uma maneira
irreversível. Seria o marco para os movimentos ecologistas, feministas, das
organizações não governamentais (ONGs) e dos defensores das minorias e dos
direitos humanos.
Alguns movimentos
dos anos 60 que provocaram profundas modificações no “sistema”:
Movimento Negro.
Os moderados tiveram como seu maior expoente,
o pastor Martin Luther King. Ele entendia que a luta dos povos do Terceiro
Mundo assemelhava-se a dos negros americanos contra a discriminação e o
preconceito. Sua morte provocou uma violenta onda de protestos acompanhada de
incêndios nos maiores bairros negros em 125 cidades americanas. Os “Panteras
Negras” lutavam pelos mesmos valores e eram mais radicais.
Women’s Liberation Front.
Feminismo que tem como
meta direitos equânimes e uma vivência humana liberta de padrões opressores
baseados em normas de gênero.
The Northern
Ireland Civil Rights Association (NICRA).
Atuou pelos direitos civis da minoria católica
na Irlanda.
Movimento Pacifista contra a Guerra do Vietnã.
A crescente
oposição à guerra dentro dos Estados Unidos quase se tornou numa aberta
insurreição da juventude. A violência dos bombardeios sobre a população civil
vietnamita, composta de aldeões paupérrimos, já havia provocado desconfiança em
relação à justeza da intervenção no Sudeste da Ásia. Era inaceitável que a
maior potência do Mundo atacasse um pequeno país camponês do Terceiro Mundo.
Grande Revolução Cultural Proletária.
Na China Popular,
Mao Tse-tung desencadeara a partir de 1965 a (Wuchanjieji Wenhua Dageming), com
o apoio dos estudantes e trabalhadores contra a burocracia que tomava conta do
Partido Comunista.
Além da indignação
geral provocada pela Guerra Vietnamita e o fascínio pelas multidões juvenis da
Revolução Cultural chinesa, também pesou a morte de Che Guevara na Bolívia,
ocorrida em outubro de 1967. Seu martírio pela causa revolucionária serviu para
que muitos se inspirassem no seu sacrifício.
A "crise" de maio de 1968.
Começou com uma série de greves estudantis da juventude francesa e que
teve réplicas nos demais países desenvolvidos, desde os EUA ao Japão. A voz das
minorias começa a levantar-se. Há uma crescente emancipação das mulheres. O
próprio clero inicia também uma auto-reflexão.
A Primavera de
Praga.
Foi uma reforma
profunda na estrutura política na Tchecoslováquia para conceder direitos adicionais
aos cidadãos num ato de descentralização
parcial da economia e de democratização, relaxamento das restrições às
liberdades de imprensa, de expressão e de movimento e ficou conhecida
como a tentativa de se criar um “socialismo com face
humana”
Movimento
Hippie.
A proposta do
movimento hippie era diversa e ampla, buscava um questionamento existencial
mais abrangente, além das considerações econômicas, sociais e políticas em voga
nos anos 60. Visava ao ser integral em face da vida e do mundo.
Adotavam um modo de
vida comunitário, ou de vida nômade, em comunhão com a natureza.
Negavam todas as
guerras, os valores sociais e morais tradicionais e abraçavam aspectos das religiões
orientais, e/ou das religiões indígenas, estavam em desacordo com os
fundamentos das economias capitalistas e totalitárias.
http://assisprocura.blogspot.com.br/p/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x_25.html
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Nunca deveria ter deixado os anos 60........
ResponderExcluirsó que não cara
ExcluirVejamos por uma ótica diferente: No Brasil o golpe militar gerou muita violência, mortes desmedidas e desnecessárias, mas na verdade, de ambos os lados. Os ideais que tentaram pregar naquela época são os ideais que se pregam hoje, e veja nosso pais como está: Um partido comunista que se diz trabalhista, oprime o povo, mas diz estar ao lado do povo. Somos bombardeados com todo tipo de "contracultura", mas sem nenhum ripo de ideal que faça bem a todos, só a alguns. Ideias dos anos 60, como os hippies, de que adianta nos enfiarmos no mato, sermos religiosos em culturas que nem conhecemos, nos enchermos de drogas para aliviar o strees que esta vida nos leva. Se escondem na natureza, enquanto o resto do planeta trabalha para sustentar o a todos. Outros dois aspectos é que já imaginou se essa onda pega? Todos no meio do mato, com a atual população? Acredito que temos que ser relevantes e termos ideais que façam diferença para todos, não somente para mim. O segundo aspecto é que os Hippies, em sua grande e extensa maioria morreu nos anos 70 com gonorreia, fortes hemorragias e infecções transmitidas pelo uso de drogas ingetáveis e pelo sexo desmedido. Acredito em diversos movimentos feitos naquela época, como diversos em outras épocas que foram muito importantes, mas vamos procurar analisar por todos os angulos, relembrar as glórias do passado é bom, mas o que elas geraram é mais importante.
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