Por Assis Ribeiro
Nassif, parabéns pelo Brasilianas. Org de hoje, "O estado de espírito nacional e a Copa". Altíssimo nível.
Sobre o que foi debatido, primeiro quero provocar dizendo
que a sua busca por novos estadistas, novos heróis, não encontra mais fulcro
nesses tempos modernos diluído, difuso,
e liquido (dentro do que preconiza o pensamento de Bauman). Você não os
encontrará mais em nenhum setor da sociedade. Se antes tínhamos músicos que
ditavam uma orientação (como Chico e
Caetano), se antes tínhamos economistas referenciais (como Furtado, Simonsen e
Delfim), geólogos referenciais (como Milton Santos e Josué de Castro),
políticos (como JK, Getúlio ou Lula),
hoje não os encontrará. O novo nesta atualidade não será visto em
individualidades e sim em coletivos, principalmente no mundo de ideias
construída por grupos.
Segundo, a tecla batida aqui no blog de que faltou
comunicação do governo. Neste aspecto, e dentro da abordagem do programa, a
resposta de Rafael Alcadipani foi emblemática e precisa quando citou que a maioria das obras da copa eram de
responsabilidade dos governos estaduais e municipais, mas, que ficou a
impressão de que eles seriam de responsabilidade do governo federal. Ora,
Nassif, isso representa de forma clara de que não se tratou da falta de
comunicação do governo já que é obrigação elementar se saber o que cabe aos
governos das três esferas nos setores envolvidos de mobilidade, etc., mesmo
porque estão expressas na Constituição Federal. O que se pode se depreender
disso é que não foi, repito, questão de falta de comunicação do governo e sim
de uma construção maquiavélica da grande mídia que acabou por confundir as
pessoas e até mesmo jornalistas independentes.
Terceiro, sobre a construção de meios de transportes o
entrevistado Fernando Abruccio informou que estavam liberados pelo governo
Federal 50 bilhões de reais para as obras de mobilidade e que os governos
estaduais e municipais por erros só conseguiram se utilizar deste valor o
montante de um bilhão. Esses dados, Nassif, estão disponibilizados nas páginas
oficiais do governo, o que mais uma vez remete à conclusão de que se tratou de
má fé dos jornalistas de não irem às fontes oficiais se informarem.
Quarto, um dado muito preocupante e que foi dito pelos três
entrevistados é que a copa se encaminha, dentro do seu aspecto de organização,
para ser um sucesso e que este seria o único tema que poderá ter influência
para as eleições. Chegaram a afirmar que, pela trajetória de um previsível
sucesso da Copa, que será um tiro no pé de algumas pessoas (provavelmente
estavam se referindo a políticos e outras personalidades da sociedade) e da
grande mídia. Isso me preocupa pois essa constatação é unânime em todos os
segmentos da sociedade e como foi observado das correntes que conseguiram criar
um clima de pessimismo que prejudicasse a realização com sucesso da Copa do
Mundo com vistas nas eleições presidenciais, e dentro do clima violento e
irracional observados na disputa política a possibilidade de um atentado se
torna real.
Comentário ao post:
"Para entender o desgaste do governo Dilma"
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