O alemão Max Weber (1864 — 1920), diferentemente de
Durkheim, tem como preocupação central compreender o indivíduo e suas
ações. Por que essas pessoas tomam determinadas decisões? Quais são as
razões para seus atos? Segundo esse autor, a sociedade existe
concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o
conjunto de ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim,
Weber, partindo do indivíduo e de suas motivações, pretende compreender a
sociedade como um todo.
O conceito básico para Weber é o de ação social,
entendida como o ato de se comunicar, de se relacionar, tendo alguma
orientação quanto às ações dos outros. “Outro”, no caso, pode significar
tanto um indivíduo apenas por vários, indeterminados e até
desconhecidos. Como o próprio Weber exemplifica, o dinheiro é um
elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de
qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está
orientada pela expectativa de que outros tantos, conhecidos ou não,
estejam dispostos a também aceita-la como elemento de troca.
Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social
não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. Ela dá um
exemplo: quando estão caminhando na rua e começa a chover, muitas
pessoas abrem seus guarda-chuvas ao mesmo tempo. A ação de cada
indivíduo não está orientada pela dos demais, mas sim pela necessidade
de proteger-se da chuva.
Weber também diz que a ação social não é idêntica a uma
ação influenciada, que ocorre muito frequentemente nos chamados
fenômenos de massa. Quando há uma grande aglomeração, quando se reúnem
muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por
comportamentos grupais, isto é, fazem determinadas coisas porque todos
estão fazendo.
Max Weber, ao analisar o modo como os indivíduos agem e
levando em conta a maneira como eles orientam suas ações, agrupou as
ações individuais em quatro grandes tipos, a saber: ação tradicional,
ação efetiva, ação racional com relação a valores e ação racional com
relação a fins.
A ação tradicional tem por base um costume arraigado, a
tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase que
automaticamente, reagindo a estímulos habituais. Expressões como “Eu
sempre fiz assim” ou “Lá em casa sempre se faz desse jeito” exemplificam
tais ações.
Ação efetiva tem por fundamentalmente os sentimentos de
qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesmo. Age efetivamente quem
satisfaz suas necessidades, seus desejos, sejam eles de alegria, de
gozo, de vingança, não importa. O que importa é dar vazão às paixões
momentâneas. Age assim aquele indivíduo que diz “Tudo pelo prazer” ou “O
principal é viver o momento “.
Ação racional com relação a valores fundamenta-se em
convicções, tais como o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, a
piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja seu gênero,
sem levar em conta as consequências previsíveis. O indivíduo age baseado
naquelas convicções e crê que tem certo “mandado” para fazer aquilo. Se
as consequências forem boas ou ruins, prejudiciais ou não, isso não
importa, pois ele age de acordo com aquilo em que acredita. Age dessa
forma o indivíduo que diz: “Eu acredito que a minha missão aqui na Terra
é fazer isso” ou “O fundamental é que nossa causa seja vitoriosa”.
A ação racional com relação a afins fundamenta-se numa
avaliação da relação entre meios e fins. Nesse tipo de ação, o indivíduo
pensa antes de agir em uma situação dada. Age dessa forma o indivíduo
que programa, pesa e mede as consequências, e afirma: “se eu fizer isso
ou aquilo, pode acontecer tal coisa; então, vamos ver qual é a melhor
alternativa” ou “creio que seja melhor conseguir tais elementos para
podermos atingir aquele alvo, pois, do contrário, não conseguiremos nada
e só gostaremos energia e recursos”.
Para Weber, esses tipos de ação social não existem em
estado puro, pois os indivíduos, quando agem no cotidiano, mesclam
alguns ou vários tipos de ação social. São os “tipos ideais”,
construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a
realidade.
https://medium.com/divagacoes-pessoais/individuos-e-sociedade-que-tal-discutir-essa-relacao-6c8fa7e687fd
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