Ainda segundo Marx, o indivíduo isolado só apareceu efetivamente na sociedade de livre concorrência, ou seja, no momento em que as condições históricas criaram os princípios da sociedade capitalista. Tomemos um exemplo simples dessa sociedade. Quando um operário é aceito numa empresa, assina um contrato do qual consta que deve tantas horas por dia e por semana e que tem determinados deveres e direitos, além de um salário mensal. Nesse exemplo, existem dois indivíduos se relacionando: o operário, que vende sua força de trabalho, e o empresário, que compra essa força de trabalho. Aparentemente se trata de um contrato de compra e venda entre iguais. Mas só aparentemente, pois o “vendedor” não escolhe onde nem como vai trabalhar. As condições já estão impostas pelo empresário e pelo meio social.
Essa relação entre os dois, no entanto, não é apenas
entre indivíduos, mas também entre classes sociais: a operária e a
burguesa. Eles só se relacionam, nesse caso, por causa do trabalho: o
empresário precisa de força de trabalho do operário e este precisa de
salário. As condições que permitem esse relacionamento são definidas
pela luta que se estabelece entre as classes, com a intervenção do
Estado, por meio das leis, dos tribunais ou da polícia.
Essa luta vem se desenvolvendo há mais de duzentos anos
em muitos países e nas mais diversas situações, pois empresários e
trabalhadores têm interesses opostos. O Estado aparece aí para tentar
reduzir o conflito, criando leis que, segundo Marx, normalmente são a
favor dos capitalistas.
O foco da teoria de Marx está, assim, nas classes
sociais, embora a questão do indivíduo também esteja presente. Isso fica
claro quando Marx afirma que os seres humanos constroem sua história,
mas não da maneira que querem, pois existem situações anteriores que
condicionam o modo como ocorrem a construção. Para ele, existem
condicionantes estruturais que levam o indivíduo, os grupos e as classes
para determinados caminhos; mas todos têm capacidade de reagir a esses
condicionamentos e até mesmo de transformá-los.
Marx se interessou por estudar as condições de existência
de homens reais na sociedade. O ponto central de sua análise está nas
relações estabelecidas em determinada classe e entre as diversas classes
que compõem a sociedade. Para ele, só é possível entender as relações
dos indivíduos com base nos antagonismos, nas contradições e na
complementaridade entre as classes sociais. Assim, de acordo com Marx, a
chave para compreender a vida social contemporânea está na luta de
classes, que se desenvolve à medida que homens e mulheres procuram
satisfazer suas necessidades, “oriundas do estômago ou da fantasia”.
https://medium.com/divagacoes-pessoais/individuos-e-sociedade-que-tal-discutir-essa-relacao-6c8fa7e687fd
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