Acabou a Copa. Felizmente. É hora de repensar as nossas
vidas e as agruras de nossa sociedade. Aprendeu-se, durante o torneio,
que a improvisação é um dos males nacionais.
Não dá para brincar todos os dias. Imaginar que, por geração
espontânea, tudo acontece sem esforço. Há que trabalhar. Pensar.
Planejar. Uma cultura de faz-de-conta se instalou no País.
Não é de agora. Nem foi agora. Trata-se de um dramático atavismo
que persegue os nativos. Desde a Carta de Pero Vaz de Caminha até os
discursos dos atuais líderes de ocasião.
Fala-se sem refletir. O modismo do momento é exaurido até as
náuseas. Quem domina as mentes são os marqueteiros. Vive-se de imagens.
Nada se consolida.
Pulamos do analfabetismo para a televisão. Esta destruiu os valores
que, antes, orientavam a sociedade. Informa facciosamente. Deforma a
realidade. Viola comportamentos.
Apresenta um mundo ilusório, que, quando defrontado com o
cotidiano, se dissolve. Ficam, apenas, os destroços dos valores
inerentes às comunidades.
Nos últimos meses não se pensou. Agiu-se de acordo com os figurinos
impostos pelas agências de publicidade. Estas geradoras das utopias
inatingíveis.
Volta-se à normalidade. Ao dia-a-dia áspero de nossas cidades e de
suas periferias. As carências retornam à pauta do cotidiano. É tempo de
pensar. Rever pensadores da formação nacional.
Caberia reler Manoel Bonfim. Captar seu imenso pessimismo. Folhear
Sérgio Buarque de Holanda. Repensar as relações advindas da casa grande e
senzala, sem a visão dulcificada de Gilberto Freire.
Saber – sem falsos ufanismos – que pertencemos à periferia. Deixar
de lado os falsos messianismos. Já cansou o palanque irresponsável. As
eleições se aproximam cabe refletir sobre o presente e o passado.
O passado é amargo. Tudo demora a acontecer. A escravidão cessou em
Portugal no século XVIII, aqui, na colônia, somente no fim do século
XIX o parlamento retardatário agiu.
É sempre assim. O atraso é constante. Resta, pois, nesta
antevéspera de eleições – elas ocorrerão em outubro – buscar bons
parlamentares. Não mamulengos, como ocorre desde a criação do Estado
nacional.
Tão fundamental, também, deve ser considerado o ato de escolha dos
futuros integrantes dos Executivos. Examinar a vida pregressa dos
candidatos. Seus hábitos e costumes.
O pensamento político do candidato deve apontar para diretrizes
semelhantes ao do eleitor. O ato de votar é o único momento com
plenitude na ação cidadã. Não pode ser objeto de improviso.
Conta-se que o presidente Juscelino participou de uma audiência com
o Primeiro Ministro de Portugal, Salazar, no Palácio de Sintra. Era
noite e os dois se reuniram em imenso e lúgubre salão oficial. O diálogo
vale para o atual momento.
Teria dito Salazar a Juscelino: Já constatou Vossa Excelência que
nossos povos têm grandes romancistas, grandes poetas, grandes
escritores, mas não contam com filosofo sequer. Nossos povos não pensam.
Teria razão o Primeiro Ministro português? Cumpre a cada um negar.
Por Cáudio Lembo
http://terramagazine.terra.com.br/blogdoclaudiolembo/blog/2014/07/14/pensamos-2/
E que caminhos irá tomar o país após Copa e outras distrações que o governo colocou à nossa volta? O Brasileiro não está preparado para nada, nem para votar.
ResponderExcluirÉ o que iremos ver nessas eleições.
gostei muito de seu blog Assis, parabéns. e obrigada por seu comentário sobre meu texto.