quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Capitulação ao golpe.

Substituir os movimentos populares - que deveriam ir ás ruas para carimbar de golpe a derrubada de Dilma e provocar o debate - pela aceitação de eleições regulares e normais é assinar a concordância com o golpe ou reconhecer a completa incapacidade de aglutinar as forças populares. De uma forma ou de outra, fica demonstrada que a batalha foi perdida.

Não há circunstância mais grave em uma democracia do que a deposição ilegal de um presidente eleito. Nenhuma outra situação teria uma motivação tão forte, limpa e cristalina para chamar a mobilização social. O PT não conseguiu esse chamamento.

O PT teria perdido o seu poder de mobilização popular, a sua penetração nas periferias e a sua hegemonia nos movimentos populares e sindicais?

A falta de iniciativa do PT de criar um movimento de rua forte para reafirmar a ilegalidade da retirada de Dilma talvez tenha causado essa fratura nas esquerdas ao ponto da pré candidatura de Lula não ter trazido para o seu lado nenhum segmento da esquerda ou do campo progressista.

Outro dado preocupante que demonstra a  fragmentação e fragilização das esquerdas foi o fato delas não terem conseguido agir conjuntamente para realizar com sucesso uma greve geral em busca da manutenção dos direitos dos trabalhadores que estavam sendo usurpados por Temer.

A inércia do PT em promover ações organizadas contra o estelionato eleitoral provocado pela direita na derrubada de Dilma teve como efeito colateral imediato a aglutinação dos movimentos de extrema direita e o reforço da sua musculatura, retirando o fascismo do seu ostracismo.

Engana-se redondamente quem se deixa iludir pelos movimentos políticos da defesa de Lula - pela impossibilidade de uma defesa jurídica efetiva frente ao fascismo dos processos jurídicos contra o ex-presidente - em manter e inflar a sua candidatura. Se a manutenção da sua candidatura já é difícil, a possibilidade de Lula, eleito,  tomar posse em janeiro de 2019 é zero.

Vamos relembrar que antecede esse vergonhoso processo contra Lula, uma outra situação desastrosa para a "frente democrática" e para o mundo jurídico que foi a condenação, também sem provas, de Dirceu e Genuíno.

Muito mais complexo e difícil foi promover os artifícios para fazer a sociedade, civil e militar, viabilizar o processo de impeachment contra Dilma, mesmo com a sua inconstitucionalidade clara.

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