sábado, 9 de julho de 2016

Crise existencial no século XXI

Por Assis Ribeiro

O mundo em sacolejos por todos os poros, lados e cantos, enquanto os formuladores, pragmáticos, se limitam a procurar soluções na economia.

Há décadas vem sendo impregnada em nossas mentes, pelo imperialismo neoliberal de consumo, a noção de que tudo é mercadoria, e por isso com valoração pecuniária.

Dentro deste conceito estão as características de competitividade e meritocracia, daí surge o "espírito animal" em estado bruto.

Tais características, pelo caráter seletivo e primário, torna a sociedade excludente e segregacionista, consequentemente injusta e desequilibrada.

Nestas condições, como se procurar o indivíduo ético e moral entre os normais?

Sem ética e moral, e com valor pecuniário à prêmio, o indivíduo tende a se isolar em meio à multidão, onde são encontrados concorrentes e não "irmãos" em solidariedade. O homem como "animal social" deixa de existir para dar lugar ao homem animal predador.

Uma sociedade assim se torna um aglomerado de medo (a partir do seu próximo) e obsessão (por qualquer forma de segurança).

Por outra linha de raciocínio, dentro da mesma abordagem, Bauman define a sociedade atual como líquida; portanto, fluida, efêmera, amorfa, formada por cidadãos que terminam por se sentirem supérfluos e descartáveis.

Uma sociedade assim se torna um agrupamento em solidão, com sensação de não pertencimento, e desesperançada.

Esse choque de valores leva à crise existencial, de vazio, medo e solidão, que não tem nada a ver com a economia.

Como nos alerta o Papa Francisco, o problema é sistêmico, de modelo. Não serão apenas ajustes, como muitos propõem, que resolverão a crise.

Qual(ais) governante(s) terá(ão) força moral para liderar o desafio ao sistema, aglutinar os desejos difusos de uma população em crise, e apresentar as sementes de um novo mundo?

A história nos mostra que da omissão da classe dirigente em momentos de crises sistêmicas, os (não) representados se unam para à pau e pedra promoverem as mudanças. Que escolham, ou a solução dada aos manifestantes das décadas de 50/60, cedendo direitos e aprimorando a democracia, ou a solução, tomada à força,  como ocorreu com a Queda da Bastilha.

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