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sábado, 13 de julho de 2019

Empatia, sintonia de sentimentos

A empatia é uma arte, uma capacidade excepcional geneticamente programada em nosso cérebro para sintonizar com os sentimentos e intenções dos outros. No entanto, e aí vem o problema, nem todos conseguem “acender” esta lanterna que ilumina o processo de construção das relações mais sólidas e enriquecedoras.

Algo que é importante esclarecer desde o início é que nosso cérebro tem uma arquitetura muito refinada para favorecer essa “conexão”. Afinal de contas, a empatia é mais uma estratégia para mediar a sobrevivência da nossa espécie: permite-nos compreender a pessoa à nossa frente e facilita a possibilidade de estabelecer uma relação profunda com ela.

Essa estrutura cerebral em que a neurociência colocou nossa empatia está no giro supramarginal direito, um ponto localizado apenas entre os lobos parietal, temporal e frontal. Graças à atividade desses neurônios conseguimos separar nosso mundo emocional e nossas cognições para sermos mais receptivos em um dado momento, em relação aos dos outros.

A pessoa habilitada em empatia, portanto, é aquela capaz de calçar os sapatos dos outros, sabendo sempre como acompanhar nesse processo, sem danificar e sem agir como um espelho onde a dor é amplificada. Porque às vezes não é suficiente para entender, você tem que saber como agir.

Empatia autêntica deixa os julgamentos de lado

Nossos julgamentos diluem nossa capacidade de proximidade real com os outros. Eles nos colocam de um lado, de um lado do vidro, numa perspectiva muito reduzida: a nossa. Deve-se dizer, além disso, que não é exatamente fácil ouvir alguém sem fazer julgamentos internos, sem colocar um rótulo, sem avaliar essa pessoa como hábil, desajeitada, forte, sem noção, madura ou imatura.

Todos nós o fazemos em maior ou menor grau, porém, se pudéssemos nos despir desse processo, veríamos as pessoas de uma maneira mais autêntica, teríamos muito mais empatia e capturaríamos com mais precisão a emoção do outro.

É algo que devemos praticar diariamente. Uma habilidade que, de acordo com vários estudos, geralmente vem à medida que envelhecemos, já que a empatia, assim como a capacidade de ouvir sem julgar, é mais comum à medida que acumulamos experiências.

As pessoas que se caracterizam por uma empatia autêntica acreditam no compromisso social. Porque a sobrevivência não é um negócio nem deve compreender política, interesses ou egoísmo. Sobreviver não é apenas permitir que nosso coração bombardeie, é ter dignidade, respeitar, sentir-se valorizado, livre e parte de um todo onde todos somos valiosos.

Valéria Sabater

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