Bolsonaro e as táticas de guerra contra a democracia.
1) O confronto interno cuja imagem os apoiadores de Bolsonaro disseminam faz parte de tática de guerra moderna. O que se propõe é uma situação de ALTA INTENSIDADE, deixando os adversários (inimigos) confusos e os aliados em constante estado de alerta e automaticamente prontos para o combate. São operações agressivas
nas quais predominam o fogo e a movimentação dos flancos como manobra para neutralizar as forças adversárias. Essa doutrina organiza o espírito ofensivo dos apoiadores, mantendo renovada a importância da conquista e execuções rápidas das ações de defesa e de ataque do governo.
O emprego da DISSIMULAÇÃO atende ao objetivo conhecido como "em toda guerra, a primeira vítima é a verdade". No governo Bolsonaro, a Dissimulação é utilizada, principalmente, quando transmite a ilusão de que os movimentos de apoio são uma iniciativa dos grupos populares e na aparente flexibilidade do governo para alterar atitudes. O comando ao atacar, ele próprio, uma de suas falanges o faz como tática para atrair o adversário para fora da posição que estava no combate. Ao deslocar a atenção do inimigo para um de seus flancos, o governo ataca frontalmente para realizar aquilo que objetivava. A dissimulação faz uso organizado e intensivo de contradições, deixado transparecer que são complexas caneladas. São AÇÕES ARTICULADAS, como por exemplo, quando sai um general e entra outro; quando o filho 02 ataca ministros e o pai chega junto; quando Olavo de Carvalho ataca setores do governo, quando o grupo evangélico ataca o judiciário, todos aguardando a chegada do "mito" para por "ordem" na casa. São ilustrativos desse vaivém de caráter dissimulador. O que importa é o clima constante de ameaça. Todo mundo em dissonância, quando o "mito" aparece com a solução de ordem.
Há também as conhecidas GUERRA PSICOLÓGICA e a GUERRA ELETRÔNICA utilizadas como processos
para reduzir o poder do inimigo e manter os soldados aliados atentos. A ideia é deixar - tanto os adversários como os defensores - desnorteados e com uma FALSA SENSAÇÃO DO REAL, criando a ideia de CHOQUE CONSTANTE. É a DOUTRINA DE GUERRA NA ESFERA DA COGNIÇÃO, onde o que importa é deixar o cenário o mais confuso possível, a ponto de manobrar as ações do inimigo a partir “de dentro” e sem que este saiba que está sendo manipulado. Essa confusão não permite a distinção entre guerra e paz. A sociedade vive em eterna sensação de conflito, em necessidade constante de ataque e defesa. Por isso, Bolsonaro e seus seguidores continuam no “modo campanha”.
2) A PARTICIPAÇÃO DO EXÉRCITO ocorre na sua ação de criar várias frentes de combate, inicialmente contra as esquerdas e que depois permeia para toda a classe política, atingindo posteriormente o Poder Judiciário e a Imprensa. A disseminação da ideia de que tudo estava errado e a necessidade de "solução radical" para botar "ordem" no país, abrir espaço para a figura de um
comandante-em-chefe, com a força que beira o fascismo. Alguém com a característica de macho alfa que resolveria tudo com um brado. Bem típico da formação cultural da classe média brasileira, machista - personalista, segregadora e prepotente.
Foi quando os militares chamaram Bolsonaro para o baile e partiram para criar uma nova força do poder. O capitão já tinha forte penetração entre soldados, cabos e sargentos desde quando enfrentou os oficiais da alta patente nos movimentos de insubordinação que antecederam a sua saída do exército mas, não era bem visto na alta patente. Surpreendentemente, por volta de 2014, o comando das Forças Armadas franqueou o acesso de Bolsonaro aos quartéis. Ele passou a frequentar formaturas da Academia Militar das Agulhas Negras e lhe foi permitido a abertura do canal para acesso a alunos, aspirantes e oficiais da base.
Os comandos das Forças aproximaram a tropa à Bolsonaro, deixado a política entrar com tudo dentro da caserna. A avaliação é de que agora não há distinção entre política partidária e militarismo, entre os espaços civis e militares.
Trata-se de algo muito próximo do que são as milícias, onde ações militares e organização do Estado são misturadas. Em poucas palavras, é a terceirização do poder institucional, outrora exercido em conjunto pelo poder legislativo, executivo e judiciário, para núcleos que se assemelham às milícias.
3) AS REDES SOCIAIS nessa tática de guerra e formação do "novo", uma nova elite de poder, que se assemelha às milícias ocorreram quando elas identificaram pessoas com base em algoritmos, as cooptaram e as manipulam.
As Redes Sociais, pela função do algoritmos, cria um enxame de pessoas com o efeito de manada; pela horizontalidade, uma turba sem hierarquia clara de comando. A combinação destes dois fatores coloca o risco da perda do controle, pelo efeito manada e falta de hierarquia de comando, levando tais organizações a ultrapassarem o poder legítimo de pressão para entrar na ilegalidade da ameaça, chantagem e agressão contra todos os que discordarem de seus pensamentos e ações.
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